
Não é segredo que perdedores são personagens interessantes para a indústria cinematográfica. Tem sido assim desde a Nouvelle Vague, Jean Paul Belmondo e os roteiros de Godard. Em The Adderall Diaries, James Franco, também produtor, faz o papel de um escritor paralisado com um bloqueio de criatividade. Nessa história, ele está obcecado pelas suas memórias de infância e tenta encontrar inspiração nas drogas e sexo. Bem como Kerouac. Mas ele não e nenhum talento beat. Não é capaz de inspirar-se numa história criminal para escrever um livro. Ele não é nenhum Capote.
O mundo mudou desde os tempos do autor de Bonequinha de Luxo e Franco se criou na região do vale do Silício. Concentre-se nisso se quiser entender as estratégias de marketing de Franco.
Não obstante a sua egotrip, explícita nas falas de seu personagem, “So what!? Back to me!”, Franco está em busca de uma verdade. A sua verdade, a verdade de Hollywood. Tentativas sufocadas e borradas de escrever melhor do que um garoto de 14 anos. Mas felizmente temos Ed Harris como seu pai, um ator delicado que faz um pai arrependido e violento.
A história dos diários, pontuada pela droga Adderall, vem misturada com o drama de pais e filhos. Seu modo de achar a palavra certa é como o de um detetive. Ele dispõe as fotos e recortes de jornal num quadro a sua frente. Hummm… será mesmo necessária essa estratégia da narrativa para mostrar a linha de pensamento? Senso comum de TV. E, claro, nenhum escritor imprime as primeiras paginas do seu romance, como se fossem datilografadas, e as entrega num pacote ao agente literário. Será que Franco quereria escrever A sangue frio II?
Sabemos que a verdade gosta de se esconder e que o cinema é um jogo de esconde-esconde com a plateia. Vamos, compre-me! Siga-me pelo buraco do coelho de Alice. Ainda é tarde para esta névoa?
Trailer:
