Triângulo amoroso, Alemanha, 2010, Tom Tykwer

Harmonia, fricção, simetria, paralelismo, relaxamento, a rotina diária, escapar, voltando para casa… É com estas palavras que um dos personagens de Triângulo amoroso (Three) vai criando o clima do novo filme de Tom Tykwer. O diretor explora as multipossibilidades amorosas entre um homem e uma mulher, entre dois homens, e por fim, entre os três. A história que Tykwer apresenta nos faz acompanhar uma espécie de análise combinatória do amor e do sexo entre o casal Hanna e Simon que vivem em Berlim. Em situações distintas eles conhecem Adam, um pesquisador que trabalha em projetos com células-tronco. E após os encontros, Adam se torna o vértice do triângulo amoroso.
Primeiro é Hanna que inicia seu caso extraconjugal com Adam. Depois é a vez de Simon, que após perder a mãe, descobre que está com câncer e faz uma cirurgia. Simon conhece Adam numa piscina pública e experimenta sua primeira relação homossexual. Tykwer – que cativou o público brasileiro com filmes como Corra, Lola, Corra (1998), Heaven – por amor (2002), e O perfume – História de um Assassino (2006) – nos introduz aos poucos no universo desse trio com espontaneidade, porém, provoca os valores morais que giram em torno de qualquer casamento convencional, ou bem sucedido há duas décadas, tempo em que Hanna e Simon estão juntos. É justo no período de aniversário do casamento que eles resolvem experimentar uma aventura amorosa extraconjugal.
O pano de fundo da história é bastante interessante, o universo da ciência, onde Adam e Hanna se conhecem, e da arte contemporânea, ramo com o qual Simon trabalha. Certamente, o universo das pesquisas com células-tronco e suas controvérsias poderia ter sido mais explorado, pois, a história começa no momento em que Adam faz uma apresentação sobre sua pesquisa e a discute diante de um comitê de ética. Embora Tykwer não mergulhe fundo nesses temas, ele os mostra no cenário de uma Alemanha que aparece ainda adaptar-se as mudanças no mundo contemporâneo e a tudo que veio com o pós-modernismo.
A narrativa do filme não conta com grandes experimentações ou mesclas de estilos cinematográficos, como em Corra, Lola, Corra, mas tem a capacidade de envolver os espectadores no novelo amoroso dos três personagens e ir além dos julgamentos morais precoces sobre a infidelidade , o casamento e as relações de afeto. Tykwer é justo em sua conta: 2 + 1 = 3.
Trailer:

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