
Todos os domingos, a família realiza o mesmo passeio: o pai estende a vara de pescar no canal (onde se proíbe a atividade) e ouve o jogo de futebol pelo rádio, os filhos brincam às escondidas no porta-malas e a mãe discute e reclama com o marido. Eles se divertem somente quando apostam corrida, pelas ruas estreitas, com o vizinho de acampamento.
José Miguel Ribeiro (de A Suspeita) critica, em Passeio de Domingo, o patriarcalismo da sociedade portuguesa, que conduz à dissolução familiar. O pai, que detém o poder absoluto nas relações afetivas, não escuta a mulher e não se importa com os filhos. Em vez de adquirir sua nova casa, o egoísmo paterno o leva a gastar as economias domésticas na reforma do próprio carro.
A crise explode depois do acidente com o bonde – a mulher e os filhos vão embora, a fim de construírem vida nova, longe dos abusos paternos. A reconcialiação (como indica José Miguel Ribeiro), no entanto, é possível, desde que o pai mude velhos hábitos e passe a se interessar pela família.
Passeio de Domingo, de José Miguel Ribeiro, 2008.

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